terça-feira, 17 de julho de 2007

Despedidas

Costuma dizer-se que a Família não se pode escolher, mas os amigos sim.
Não me queixo da Família. Também não me queixo dos amigos que faço.

Mas agora tenho uma reclamação a fazer: alguns deles ou se foram embora ou estão prestes a ir.
Ora vejam,
A Lisi (Elisabeth Sondena), Norueguesa, estudante de engenharia naval, bem no início de Agosto já está de malas feitas, a correr alguns países de comboio, antes de apanhar o avião em Amesterdão para a cidade onde estuda: Tronheim.
É certo que está uma visita prometida a terras Norueguesas, ainda este ano, mas quem vai escalar agora comigo? Quem me vai desafiar para um slackline num jardim qualquer de Lisboa? Quem, sem hesitar, aparece numa aula de artes circenses do Chapitô, para se inscrever nesse mesmo dia? Quem me vai ensinar malabares com fogo? Quem me acompanha às festas na praia? Quem me vai bombardear com sarcasmo erudito como só ela sabe fazer? Quem vai tocar no piano da minha irmã? Quem vai cantar, a acompanhar a sua própria viola, com uma voz espectacular (e "lyrics" em Norueguês)?
Desde o tímido travar de amizade no Rocódromo, onde trabalhava, que comecei a ser seu fã. É com triseza pesada que a vejo partir, embora saiba que é uma ave selvagem que vai precisar de estar sempre a voar. Um palhaço de um circo itinerante. Uma nómada das descobertas e do prazer.
Boa viagem Lisi. Boas viagens!


E aqui estão o Chris e a Isabel. Um Californiano e uma Alfacinha. Ou será que são dois Californianos? Ou dois Portugueses apaixonados?

Estes dois personagens passaram pela minha vida de uma forma atribulada. Escalavam. Eu também. Escalámos todos juntos, mas poucas vezes. Mas eis que numa viagem a Poios, que não era para ser para Poios, e que não era para ser a três, lá fui eu a segurar a vela de um casal que dava os primeiros passos nessas coisas que os casais dão, e assisti com um sorriso a um aproximar envergonhado. A uma paixão crescente que, como todos os apaixonados, pensavam que mais ninguém sabia.

E depois não se passou muito mais. Desapareceram-me da vista, para surgirem esporadicamente num concerto, numa saída nocturna ou num encontro de despedida. Mas ficou uma grande admiração pelos dois. Um de cada vez e pelos dois em conjunto. Sejam felizes Chris e Isabel!!

"Quem me dera que todos os amigos que tenho no Brasil fossem como um que tenho aqui no outro lado do Oceano"

Foram estas as palavras que escreveu num livro que me ofereceu antes de partir, esta semana. O livro sobre escalada, está claro. Foi esse magnífico desporto que nos juntou para aventuras, passeios, novas amizades, descobertas, conversas à volta do desporto, do treino, de negócios, de gestão... um poço de interesses e um constante desafiado pela vida, este meu amigo Paulo Hudson.

Nunca o esquecerei e espero revê-lo assim que possível, para novas aventuras. Nem que seja apenas daqui a um ano, quando ele regressar para terminar o mestrado que cá veio fazer.

E assim a minha vida se vê mais vazia de amigos presentes, de conversas com sotaque, de pessoas ávidas por descobrir o País que é meu e que adoro mostrar. Assim a vida fica estranhamente mais vazia...

Ficam na memória. Ficam nos projectos futuros. Obrigado por tudo amigos!!