Olá amigos! Estou de volta à vida real, depois de uma incursão de 11 dias ao país dos Vikings, das florestas encantadas, dos trolls e do sol da meia-noite.
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Mas a Noruega mostrou ser mais do que encanto imaginado. As paisagens de cortar a respiração, os costumes, a língua completamente indecifrável, as estradas e os caminhos de ferro, foram o lado real de uma viagem ao país que injustamente chamamos o país do bacalhau.
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Mal cheguei tinha uma surpresa preparada. Voei ainda mais para norte, acima do Círculo Polar Ártico, para a cidade de Bodo, de onde apanhámos um Ferry para a ilha de Lofuten, um destino de Natureza impressionante, onde as fotografias falam melhor do que eu e são testemunhos de montanhas que saem a pique a partir do mar, e de ilhas e ilhotas recortadas num labirinto que faz perder o Norte.
O Gonçalo Cadilhe não chamaria a isto viajar, uma vez que usei o avião para me deslocar, mas nem todos, como ele, dispõem de tempo ilimitado para se deslocarem ao seu destino. Nem todos podem sempre usar os transportes terrestres para se deslocarem e poderem mais intimamente contactar com as populaçõese os costumes locais. Eu voei. Eu viajei assim para norte, sempre para norte desde que saí de Portugal.

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Os Noruegueses usam a bandeira com um patriotismo que a nós até pode parecer estranho. Nunca um norueguês poria a bandeira pendurada na varanda, ou presa no vidro do carro, engelhada ao sabor do vento. Se nós temos a nossa nacionalidade como um dado eternamente garantido, com origens que se perdem no tempo, os noruegueses já fizeram parte de outras nações como a Islândia ou a Suécia, e apenas tiveram tempo para ter três Reis. Ainda não tiveram tempo para se esquecer de astear a bandeira num poste que orgulhosamente se ergue em frente de tantas casas. Ainda não deixaram de pensar o quanto é importante poder chamar ao seu país pelo nome, sem que haja outro a tentar reclamar as sua riquezas, a tentar modificar a sua língua.
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A chegada a Lofuten foi já quase de noite. Uma sucessão de terras com nomes difíceis de pronunciar, e com um record de pequenez com a aldeia de A (lê-se Ô), levou-nos a um "jardim" natural na beira de uma grande enseada. O céu fazia adivinhar chuva. Mas o que estranhei foi a luz. Passava já das dez horas da noite e o céu ainda tinha as cores do pôr-do-sol. De um pôr-de-sol que dura horas, deixando-nos ver a nossa estrela a aproximar-se muito lentamente do horizonte, para descer abaixo dele por apenas algumas horas, e acordar-nos pelas cinco da manhã com o prémio da paisagem que se vê. O céu limpou . A chuva afinal não caiu e o dia ficou lindo.
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A escalada estava nos planos iniciais desta viagem, mas um problema com o equipamento limitou as opções. Mas blocar com vista para o mar, com o sol a bater, e um banho de mar prometido acima do círculo polar Ártico, não me deixaram nada mal servido... A escalada foi dura e divertida. O sol aqueceu. O banho foi mítico e muito, muito rápido, como devem imaginar.
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Depois da escalada, foi a caminhar que subimos. O alvo era a montanha da cabra. O caminho muito disfarçado, muito íngreme, mas lá chegámos algures a meio do pôr-de-sol interminável, com a cabra de perfil, para nos deliciarmos com mais uma paisagem de cortar a respiração, com lagos que pareciam fiordes e com fiordes que quase tocavam nos lagos. A vila de Svolvaer parecia mais um salpicado de ilhas unidas por pontes e constantemente atravessadas por barquitos que transportavam pessoas que levam vidas que não imaginamos. Vidas aquáticas, que mais fazem lembrar o Water World do Kevin Costner.
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Sabem como é seco o bacalhau, o tão famoso bacalhau que jaz nos nossos pratos em cada natal? Pendurado nestas estruturas de madeira, que se podem ver por toda esta zona, que se pode chamar a capital da seca do bacalhau (já agora, se tiverem oportunidade de comer bacalhau fresco, não hesitem, é bem melhor...). Neste caso, apenas serviu para tornar pitoresco o nosso cenário. O que não foi nada pitoresco foi o facto de a lenha não arder. 4 tentativas. Roupa a cheirar a fumo. Uma frustação de alguém que se gabava de conseguir fazer sempre uma fogueira. Nunca tinha tentado na Noruega... na Noruega as fogueiras fazem-se difíceis.
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O que não se faz difícil são os blackberries (mirtilhos). Por todo o lado os podemos apanhar, tal como estas pequenas flores que são comestíveis. Um verdadeiro pitéu da montanha...
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Outro marco da viagem foi a caminhada até ao glaciar. Ou melhor, a tentativa de caminhada ao glaciar. É que se no mapa ele parecia "já ali", na verdade foram precisas 4 horas de caminhada para ficarmos... longe. As dimensões das montanhas enganam, e caminhar sobre o glaciar terá de ficar para outra viagem à Noruega. Desta vez tivémos de nos contentar com uma paisagem gelada de um verão que é constantemente refrescado por um mar de gelo nas montanhas, que um dia já cobriu todo o norte da europa, há cerca de 10.000 anos atrás.
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Depois do regresso a Trondheim, foi a vez do comboio me levar até bem perto da fronteira com a Suécia. Um percurso ao longo de um rio, com o comboio a sair com uma pontualidade britânica, e um preço... norueguês. Tudo é muito caro e não contem pagar menos do que 300 Kronos (cerca de 36 €) para uma viagem de 3 horas,. Mas o cenário e a vila de Roros valeram a pena. Aconselha-se.
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Novo regresso, e mais um carro alugado desta vez mais para o sul, com a Trollveggan (parede dos troll) como destino de escalada. Nada de escalada. Muito frio. Muita chuva. Na verdade uma verdadeira tempestade que até a mim, que adoro acampar, me fez pensar duas vezes e decidir por ficar numa típica cabana de telhado de erva. Não sei como ainda estava de pé pela manhã, com os ventos que subiam pelo fiorde a fustigarem sem tréguas a casita de madeira. Pela manhã, a neve cobria os topos das montanhas acima dos 600 metros. O Inverno chegara. Em Setembro...

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Os últimos dias foram passados a descobrir os recantos da cidade estudantil de Trondheim. Canais de água. Casas de madeira, como aliás por todo o resto da Noruega. Alguma vida nocturna. Muitas bicicletas por todo lado, que as pessoas utilizam diariamente. Igrejas luteranas, a igreja oficial do País. Aulas de Educação Física ao ar livre, com equipamentos que nós cá nem sonhamos. Pessoas que se mexem. Uma outra vida, pelo menos enquanto a cidade não mergulha na escuridão dos longos invernos do norte.
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Aproveitei a minha viagem para fazer uma pesquisa sobre danças tradicionais Norueguesas. O resultado foram três danças que trouxe para cá, e que estou ansioso para passar aos meus alunos.
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E o regresso sempre tão reconfortante. Voando, porque não tive tempo para vir de outra forma. Mas mais cheio. De paisagens e da vida do País que não é só dos trolls e dos vikings nem das fadas e dos cogumelos gigantes, nem do bacalhau e da erva fresca. É de tudo isso e de muito mais.
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À Lisi, a amiga que me acolheu nesta aventura... Takk (obrigado). Foste a melhor!!!